Todo o processo de negociação com os moradores se baseou em reuniões, sem oferecer nada em troca que não fosse a informação sobre a nova proposta. Não foi oferecida qualquer remuneração nem bolsa porque o projeto não tinha esse tipo de viés. Isso foi o maior desafio porque assim que coloquei os meus pés no Santa Marta ouvi que não conseguiria nada, ou muita coisa, porque as pessoas só entram quando recebem algo financeiramente falando em troca. Mesmo assim, começamos,ora com mais interessados, ora com menos e fomos levando a nossa mensagem que parecia "do outro mundo" para os moradores: esse projeto não é nosso ele é de vocês!
Com o fim do projeto piloto essa verdade se consolida cada vez mais porque nunca antes na história do morro o turismo envolveu moradores e visitantes ( os turistas, como quisereem) de forma tão misturada. Nada disso teria sido possível se não existisse o projeto de pacificação em curso. Ele nos deu a paz necessária para chegar e para o visitante resolver procurar a favela, e agora encontrar um novo olhar.
Este é o meu diário de campo eletrônico. Nele registro minha experiência etnográfica como mestre em antropologia no processo de criação e implantação do projeto de inclusão, através do turismo nas comunidades pacificadas desenvolvido para o governo estadual na secretaria de estado de turismo, esportes e lazer.
Bem vindos à experiência do turismo comunitário!
O turismo é uma atividade privada e um mundo de negócios onde geralmente quem dá as cartas é o poder econômico. Mas desde que o Ministério do Turismo criou o turismo comunitário apoiando estas iniciativas, várias ações aconteceram em todo o país. A experiência na comunidade Santa Marta fo possível graças à pacificação e a este apoio do governo Lula e do novo enfoque criado pelo ministério do turismo com o programa de turismo comunitário